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Suspensão da USAID ameaça combate à malária na África

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 20 de jun.
  • 3 min de leitura

Em 20 de junho de 2025, o portal El País – Planeta Futuro publicou uma reportagem alarmante: a suspensão da execução dos recursos da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) coloca em risco o seu programa prioritário contra a malária, a Iniciativa Presidencial contra a Malária (PMI), que poderá evitar 13 milhões de casos e 104.000 mortes em 2025.


O que está em jogo?

Desde sua criação em 2005, a PMI foi uma força motriz na luta contra a doença no continente africano. Através de iniciativas como distribuição de redes mosquiteiras tratadas, terapias combinadas com artemisinina e atividades de pulverização e quimioprevenção, o programa já salvou cerca de 12 milhões de vidas e preveniu mais de 2 bilhões de casos. Mais de 90% dos casos e das mortes por malária ocorrem no continente, principalmente em Nigéria e República Democrática do Congo.


O impacto da paralisação

Embora o Congresso dos EUA tenha autorizado cerca de US$ 1 bilhão para 2025, a Casa Branca e a USAID não liberaram os recursos. Isso resultou na suspensão de contratos, atrasos nos pagamentos e demissões de profissionais-chave — o que compromete todo o funcionamento operacional do programa . Contratos emergenciais, como com fabricantes de mosquiteiras, medicamentos e testes diagnósticos, foram travados, sob risco de interromper o abastecimento vital às comunidades mais vulneráveis .


Consequências projetadas

O modelo matemático publicado na The Lancet indicou que a interrupção do PMI pode gerar um efeito rebote: estima-se que 13 milhões de infecções adicionais ocorram em 2025, com 104 000 mortes evitáveis, representando 37 % da mortalidade total dentro das regiões abrangidas. Outros estudos, como os do ISGlobal, apontam um cenário ainda mais sombrio: até 15 milhões de novos casos e 107 000 mortes extras se o apoio internacional for reduzido drasticamente.


O que vem pela frente?

O futuro da luta contra a malária está incerto. O governo dos EUA projeta cortes de até 50 % do orçamento para 2026, reduzindo-o a cerca de US$ 424 milhões. Com isso, programas complementares — como os geridos pelo Fundo Global e GAVI — também podem ser afetados, ampliando o risco de retrocesso em saúde pública.


Uma crise humanitária silenciosa

A descontinuação desses fundos compromete décadas de avanços no controle da malária. Comunidades remotas, que dependem de ações regulares de pulverização e distribuição de insumos médicos, já enfrentam dificuldades severas. Clínicas locais são forçadas a suspender serviços, e as vacinas preventivas — essenciais na estação de maior risco — podem não ser distribuídas.


Em resumo

  • A PMI pode evitar 13 milhões de casos e 104.000 mortes em 2025,

  • A suspensão dos recursos levou a atrasos, suspensão de contratos e demissões;

  • Programas complementares essenciais também estão ameaçados;

  • Há projeções de 10 milhões de infecções e 100 mil mortes extras se não houver reversão da decisão.



Esse não é um tema apenas econômico ou político: trata-se de vidas humanas. Conhecer esses dados e compartilhar essas informações é um passo importante para pressionar governos a retomar o apoio. Um mundo sem malária é possível — mas somente se protegermos os programas que funcionam.



Fontes principais

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