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Reformar o mundo: por que a voz da África precisa ser ouvida — e ouvida já

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 26 de nov.
  • 2 min de leitura


Recentemente, em visita a Luanda, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres fez um apelo enfático por uma reforma global profunda — especialmente no que toca à justiça climática e à representatividade da África nas estruturas de poder internacional. Segundo Guterres, o atual sistema “já não reflete a realidade atual” e perpetua desigualdades históricas.


Uma arquitetura internacional ultrapassada

A crítica central do secretário-geral gira em torno da configuração desbalanceada das instituições globais. Para Guterres, a ausência de uma representatividade condizente da África — seja nos conselhos de decisão, no sistema financeiro internacional ou nos debates sobre clima e desenvolvimento — é “escandalosa”.

Isso significa que muitos dos protocolos, acordos e decisões que moldam o futuro do planeta seguem sendo elaborados sem levar verdadeiramente em conta os impactos e as vozes dos países africanos — o que, na visão dele, compromete a legitimidade e a eficácia dessas decisões.



Justiça climática: mais que uma pauta, uma dívida

Para Guterres, a justiça climática não é mero slogan. É “imperativo moral e prático”. A África — que historicamente contribuiu muito pouco para as emissões globais de gases de efeito estufa — sofre, ainda assim, com as consequências mais severas do aquecimento global: secas, desertificação, desastres naturais, fome e deslocamentos.

Garantir justiça climática passa por assegurar que os países africanos tenham voz ativa na tomada de decisões e acesso a recursos para adaptação e mitigação. Significa também uma reforma no financiamento climático internacional, de modo que os compromissos financeiros e técnicos levem em conta as realidades de cada nação — e não apenas os interesses das potências tradicionais.



A urgência de uma nova ordem

Vivemos uma era de mudanças profundas — climáticas, geopolíticas, sociais. A velha ordem mundial, nascida de cenários do pós-guerra e mantida por décadas, não acompanha as transformações do século XXI. A emergência climática, as desigualdades persistentes, a crescente interconexão global exigem estruturas mais equilibradas e democráticas.

Ao defender uma reforma global com presença reforçada da África, Guterres lança um desafio: reimaginar a governança planetária. Um sistema onde decisão, responsabilidade e solidariedade andem juntos.



Por que isso importa para todos — inclusive nós

Embora a fala de Guterres tenha ocorrido em Angola e tenha como foco a África, os efeitos dessa discussão reverberam no mundo todo. Em tempos de crise climática global, desigualdade e instabilidade, políticas justas e colaborativas podem determinar o futuro de bilhões de pessoas. Uma África mais representada e empoderada significa um mundo mais equilibrado — social, ambiental e economicamente.

Para o Brasil — país que sofre os impactos das mudanças climáticas e pretende desempenhar papel relevante nas negociações globais — acompanhar, apoiar e cobrar essa reforma internacional é, mais do que estratégico: é ético. Afinal, os desafios do clima, da governança e da justiça social não conhecem fronteiras.



A mensagem de António Guterres em Luanda é um chamado à consciência global: a estrutura internacional precisa evoluir, com urgência. A voz da África — até hoje silenciada ou sub-representada — deve ser ouvida e valorizada tanto quanto as dos países tradicionalmente influentes. Porque sem justiça climática e representatividade real, nenhum acordo mundial será legítimo.


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