Presidente de Madagascar foge do país após protestos da Geração Z
- Márcia Oliveira

- 13 de out.
- 2 min de leitura

Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko
Madagascar vive uma crise política de proporções históricas. Em meio a intensos protestos liderados pela chamada Geração Z Madagascar, o presidente do país, Andry Rajoelina, teria deixado o território no dia 12 de outubro de 2025, após perder o apoio de unidades militares decisivas.
As causas da revolta
Os protestos começaram em 25 de setembro de 2025, motivados por cortes frequentes de água e energia elétrica, problemas que se agravam em meio a uma população já vulnerável.
Com o tempo, as reclamações foram ganhando contornos mais amplos: denúncias de corrupção, de má gestão e críticas ao autoritarismo do governo têm sido centrais no discurso dos manifestantes.
Importante: o movimento juvenil se organizou sob o nome Gen Z Madagascar, que rejeitou convites do governo para diálogo enquanto a repressão continuasse, exigindo a renúncia de Rajoelina e reformas profundas.
A virada militar
No dia 11 de outubro, uma unidade militar da elite, chamada CAPSAT (Corps d’armée des personnels et des services administratifs et techniques), declarou-se ao lado dos manifestantes e exigiu que as Forças Armadas se recusassem a seguir ordens que atacassem civis.
No dia seguinte, 12 de outubro, já se falava em motim — com a unidade CAPSAT assumindo o controle das Forças Armadas do país, nomeando um novo chefe militar e removendo aliados de Rajoelina de posições-chave.
Foi nesse cenário que Rajoelina, pressionado e isolado, deixou o país. Informações indicam que ele embarcou em um avião militar francês, parte de um acordo com a França, embora o destino exato ainda não tenha sido confirmado — Dubai aparece como hipótese em alguns relatos.
Consequências imediatas
A unidade CAPSAT nomeou General Demosthene Pikulas como novo chefe militar, oficializando sua autoridade sobre as forças armadas nacionais.
O presidente Rajoelina tem sido acusado de denunciar um “golpe ilegal” por parte dos militares, mas sua autoridade já parece fragilizada.
A organização Gen Z Madagascar, que iniciou o protesto, observa com cautela a intervenção militar, temendo que a mobilização dos soldados desvie seus objetivos civis.
Há registros de ao menos 22 mortos e mais de cem feridos nos confrontos entre manifestantes e forças de segurança desde o início dos protestos — número confirmado por organismos internacionais, mas disputado pelo governo. \
A situação política do país permanece incerta: quem exercerá o poder de fato, sob que legitimidade, e quais serão os próximos passos constitucionais são perguntas ainda sem resposta.
Importância do episódio
Esse episódio em Madagascar reflete uma tendência observada em várias partes do mundo: juventude mobilizada que se recusa a aceitar condições de vida precárias, desigualdade e falta de perspectivas. Quando governos não atendem às demandas básicas — energia, água, infraestrutura, segurança — as fraturas sociais acabam sendo canalizadas em protestos que muitas vezes têm poder de transformação.
Além disso, o envolvimento de setores das Forças Armadas é um alerta clássico da transição entre crise política e colapso institucional (ou até golpe). O desenrolar desse caso poderá servir como um estudo de caso sobre os limites da autoridade presidencial em regimes frágeis, a legitimidade da mobilização civil e os papéis que os militares desempenham em rupturas políticas.
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