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O Folclore Africano: Tradição, Memória e Identidade

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 22 de ago.
  • 3 min de leitura


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Quando falamos em folclore africano, nos referimos a um universo vasto e plural, já que o continente é formado por 54 países e milhares de grupos étnicos, cada um com suas próprias histórias, crenças, símbolos e tradições. Diferente da ideia de “folclore” restrita a contos ou festas populares, na África ele é parte essencial da cosmovisão dos povos, transmitido oralmente ao longo de gerações como forma de preservar valores, identidade e memória coletiva.


A tradição oral como pilar do folclore

Na África, o conhecimento oral tem papel central. Antes mesmo da escrita, os povos já guardavam suas histórias em mitos, provérbios, cantos, rituais e danças. Os chamados griots, contadores de histórias e guardiões da memória, eram (e ainda são) responsáveis por narrar genealogias, epopeias e lendas, garantindo que cada geração compreenda seu papel dentro da comunidade.

Esse modelo oral torna o folclore africano dinâmico, podendo se transformar conforme a realidade de cada época, mas sempre mantendo sua essência.


Símbolos e personagens marcantes

O folclore africano é rico em personagens míticos e animais simbólicos. Alguns exemplos:

  • Anansi (Gana): o deus-aranha, símbolo de astúcia e inteligência, muito presente nas tradições dos povos Ashanti.

  • Nommo (Mali): espíritos aquáticos venerados pelos Dogon, relacionados à criação do mundo e à fertilidade.

  • Orixás (Nigéria, Benim): divindades do povo iorubá, como Xangô, Oxum e Iemanjá, que atravessaram o Atlântico com a diáspora africana e hoje fazem parte também do folclore afro-brasileiro.

  • Animais totêmicos: leões, crocodilos, serpentes e aves são vistos como mensageiros espirituais ou protetores, refletindo a relação íntima entre humanos e natureza.


Música, dança e rituais

O folclore africano não se separa da vida cotidiana: está presente em danças tribais, cânticos religiosos, batuques de tambores e rituais de iniciação. Cada gesto e cada som carregam significados — podem marcar a passagem da infância para a vida adulta, o agradecimento pela colheita ou a invocação de ancestrais.

Na África Ocidental, por exemplo, as danças de máscaras, como as dos Dogon no Mali, representam espíritos da natureza e são realizadas em cerimônias comunitárias.


Folclore como resistência e identidade

Durante a colonização, muitas tradições africanas foram perseguidas ou desvalorizadas. Ainda assim, o folclore se manteve como forma de resistência cultural. Através das histórias, músicas e rituais, os povos preservaram sua memória coletiva e reafirmaram sua identidade.

Esse legado atravessou oceanos: nas Américas, o folclore afrodescendente é fortemente inspirado nas tradições africanas, seja no samba, no candomblé, no maracatu ou em contos populares.


A importância do folclore africano hoje

Mais do que memória, o folclore africano é ferramenta de educação e valorização cultural. Ele ensina valores como respeito aos ancestrais, harmonia com a natureza, solidariedade e coragem. Em muitas escolas africanas, elementos do folclore já são usados como recurso pedagógico para aproximar os jovens de suas raízes.

Celebrar o folclore africano é reconhecer a diversidade cultural do continente e compreender como suas tradições continuam vivas e influentes no mundo inteiro.


O folclore brasileiro carrega fortemente a influência africana, resultado da diáspora de povos trazidos ao país durante o período da escravidão. Suas histórias, cânticos, danças e divindades atravessaram o Atlântico e se fundiram às tradições indígenas e europeias, criando expressões únicas da nossa cultura. Personagens como os orixás presentes no candomblé, ritmos como o maracatu e o samba, além de festas populares e contos transmitidos oralmente, são heranças vivas da África que, ao se misturarem no Brasil, enriqueceram o nosso folclore e ajudaram a construir a identidade cultural brasileira


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