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Injeções de longa duração para prevenir HIV começam a ser aplicadas na África — um marco na luta contra a epidemia

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura
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Nesta terça-feira (1º de dezembro de 2025), Lenacapavir (LEN) — uma injeção preventiva contra o HIV — começou a ser administrada oficialmente em pelo menos três países africanos: África do Sul, Eswatini e Zâmbia. Trata-se de um momento histórico na resposta à epidemia no continente mais afetado do mundo.


O que é o Lenacapavir — e por que é tão importante

  • O Lenacapavir é uma profilaxia pré-exposição (PrEP) injetável, aplicada apenas duas vezes por ano — um salto em relação às opções anteriores, como comprimidos diários.

  • Estudos clínicos demonstram que a injeção reduz o risco de infecção por HIV em mais de 99,9%, tornando-a funcionalmente comparável a uma “vacina preventiva”.

  • A adoção de LEN responde a desafios crônicos da prevenção diária: adesão inconsistente, estigma, dificuldade de acesso a serviços de saúde e interrupções de tratamento.

Em julho de 2025, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou suas diretrizes para recomendar o uso de Lenacapavir como uma nova opção de PrEP de longa duração — marcando uma guinada importante na política global de prevenção de HIV.


Porque a África precisa — e porque o momento é crítico

  • A África Oriental e Austral concentram mais da metade (≈ 52%) das pessoas vivendo com HIV no mundo.

  • A implementação de lenacapavir ocorre em um contexto de cortes no financiamento internacional para saúde, o que tem afetado programas de prevenção e tratamento no continente.

  • Para populações vulneráveis — jovens, mulheres, pessoas trans, profissionais do sexo — a injeção representa esperança: menos barreiras cotidianas, discrição, e maior possibilidade de proteção real.

Segundo a agência Unitaid (ligada à ONU), o uso público de LEN na África do Sul marca “um dos primeiros usos reais da injeção semestral em países de renda baixa e média”.


Potenciais ganhos — e os desafios ainda pela frente

O que a injeção pode trazer de positivo

  • Aumento da adesão e cobertura: com apenas duas doses por ano, o risco de abandono do tratamento cai drasticamente.

  • Maior eficácia em populações vulneráveis: pessoas jovens, com instabilidade social ou dificuldade de acesso a clínicas podem se beneficiar mais facilmente.

  • Redução das novas infecções: se amplamente implementado, o LEN pode diminuir significativamente a incidência do HIV — especialmente em áreas com alta prevalência.

  • Menos estigma e discrição: o formato injetável diminui a exposição — ao contrário da pílula diária, muitas vezes associada a preconceitos.

Os desafios que ainda precisam ser superados

  • Custo e acesso limitado: nos Estados Unidos, o preço anual é elevado — embora programas de doação e acordos para genéricos estejam em curso.

  • Distribuição desigual: até o momento, a campanha abrange poucos países; levar o LEN a todos os territórios africanos exigirá infraestrutura, investimento e coordenação internacional.

  • Barreiras estruturais na saúde: para que o impacto seja real, é preciso garantir acesso regular, testes frequentes, acompanhamento clínico e apoio à comunidade.

  • Desconfiança e desinformação: muitos dos que poderiam se beneficiar podem ter receio de injeções ou de novas tecnologias; educação em saúde será fundamental.


O que esse momento significa — e por que vale atenção global

A introdução do Lenacapavir representa um divisor de águas na luta contra o HIV — especialmente na África, onde o fardo da epidemia é maior. É a primeira vez que uma PrEP de longa duração chega em escala pública a países com grandes desafios socioeconômicos.

Esse avanço mostra que, mesmo com cortes de financiamento e crises sanitárias globais, a inovação em saúde pública continua sendo possível — e necessária. A proximidade com algo semelhante a uma “vacina” preventiva abre caminho para transformar a história de milhares de comunidades.

Para o mundo, é um lembrete urgente: a epidemia de HIV só será vencida com novas estratégias, solidariedade internacional e compromisso com a saúde como direito universal.



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