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Mistérios do Saara Verde: Pesquisadores descobrem linhagem humana desconhecida no Norte da África

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 11 de abr.
  • 2 min de leitura


Uma descoberta fascinante está ajudando a reescrever a história da ocupação humana no Norte da África. Cientistas identificaram uma linhagem humana até então desconhecida, datada de cerca de 7.000 anos atrás, em plena era do chamado "Saara Verde" — um período em que o deserto mais famoso do mundo era, surpreendentemente, uma savana úmida e fértil.


O que foi o Saara Verde?

O "Período Úmido Africano", também conhecido como Saara Verde, ocorreu entre aproximadamente 14.500 e 5.000 anos atrás. Durante esse tempo, chuvas abundantes transformaram o que hoje é um deserto árido em uma paisagem exuberante, repleta de lagos, rios e vegetação — condições ideais para a ocupação humana e o desenvolvimento de modos de vida mais complexos.


A descoberta em Takarkori

A descoberta foi feita no abrigo rochoso de Takarkori, no sudoeste da Líbia, onde dois corpos mumificados naturalmente foram encontrados e analisados geneticamente. Os restos mortais são considerados os mais antigos já localizados na região e revelaram uma linhagem geneticamente distinta das populações subsaarianas e eurasiáticas conhecidas até então.


Os resultados, publicados na revista científica Nature Ecology & Evolution, apontam que os indivíduos viviam de forma isolada, com pouco ou nenhum contato genético com outros grupos humanos da época, o que explica sua diferença genética. Apesar disso, vestígios de ancestralidade do Levante e uma pequena presença de DNA neandertal foram detectados — embora em níveis significativamente menores do que os encontrados em populações modernas fora da África.

🧬 "Esses genomas nos mostram uma linhagem africana arcaica que sobreviveu isolada no tempo em uma região que hoje é inóspita, mas que já foi fértil e populosa," destacou o geneticista e coautor do estudo, Dr. João Teixeira, da Universidade de Adelaide.

Um povo pastor, não migrante

As evidências arqueológicas encontradas em Takarkori, como ferramentas de pedra, cerâmicas e ossos de animais, sugerem que esses povos eram pastores e criadores de gado. Curiosamente, o estudo aponta que essas práticas se espalharam não por migração em massa, mas por meio de trocas culturais com outras comunidades da região.

Esse comportamento reforça a ideia de que o conhecimento — e não necessariamente a movimentação de grandes grupos — foi o principal vetor da difusão de técnicas agrícolas e de pastoreio no continente africano naquela época.


Vestígios no presente

Com o fim do período úmido, o Saara voltou gradualmente a se tornar o deserto que conhecemos hoje, isolando populações e extinguindo certas culturas. Ainda assim, traços genéticos dessa linhagem enigmática permanecem vivos em alguns grupos modernos do Norte da África, como um legado silencioso de um passado exuberante e pouco conhecido.






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