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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP (FFLCH) inaugura a exposição Ecos do Silêncio: uma convocação à memória e à reparação.

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 10 de nov.
  • 3 min de leitura

No dia 3 de novembro, a FFLCH da Universidade de São Paulo inaugurou a exposição Ecos do Silêncio, com curadoria e acervo de Mabel de Souza — advogada, escritora, roteirista e pesquisadora da escravização de povos negros.



Memória silenciada, vozes que emergem


A exposição propõe uma reflexão profunda: quantos “ecos” permanecem após o silêncio imposto pela escravidão e pelo racismo estrutural no Brasil? Ao reunir acervo e curadoria voltados para a escravização dos povos negros, Mabel de Souza (que assume múltiplas facetas — legal, literária, audiovisual) convida à visitação de algo que ultrapassa a mera mostra: é um espaço de encontro com o que foi invisibilizado.


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Os corredores do prédio da Letras da FFLCH se transformam em um percurso de lembrança e inquietação. Há cenas, artefatos, documentos, instrumentos — que, embora estremeçam, não se prestam ao espetáculo: servem à consciência. Um desses registros indica que “A exposição conta com diversos instrumentos … da escravização dos povos negros.”


Por que essa exposição importa agora?


Vivemos um tempo no qual o debate sobre memória, raça e reparação tornou-se central — e urgente. A estrutura social do Brasil ainda carrega as marcas profundas da escravidão, seja na desigualdade econômica, no acesso à educação, no apagamento de narrativas. O historiador aponta que, após a abolição, muitos libertos e descendentes ficaram largados à própria sorte, sem integração real à sociedade brasileira.

Neste contexto, a “memória” não é apenas recordar: é também responsabilizar e escutar. Exposições como Ecos do Silêncio assumem o papel de amplificar tais vozes, de exumar aquilo que o silêncio tentou soterrar. Ao fazê-lo, geram também diálogo, provocação e possibilidade de transformação.


A curadora: Mabel de Souza


Mabel de Souza surge como figura multifacetada: advogada que conhece o foro da justiça, escritora que transforma narrativas e roteirista que pensa em imagem e em impacto, além de pesquisadora da escravidão. Sua atuação evoca a intersecção entre o campo jurídico, as artes e a história — essencial para esse tipo de exposição.

Sua escolha, ao trazer um acervo que evidencia a desumanização da escravidão — por exemplo instrumentos de tortura ou outros vestígios — não é fácil nem confortável. Mas é necessária. O silêncio que ela evidencia não é apenas das vítimas, mas de uma sociedade que ainda precisa ouvir e entender.


Impactos para a comunidade universitária e para além


A localização da exposição dentro da FFLCH (uma faculdade cujo campo de atuação inclui ciências humanas, letras e artes) abre lugar para que os estudantes, docentes e visitantes experimentem uma intersecção entre pesquisa e vivência — entre análise e emoção. A proposta não é apenas ver : é sentir, questionar, compreender.

Para além da universidade, a mostra ganha dimensão social. Em celebração ao mês de Novembro Negro, a universidade reforça seu compromisso com a equidade e com o reconhecimento da população negra como protagonista da história.


Convite à visitação e à reflexão


Ecos do Silêncio é uma oportunidade de dialogar com o passado para que o futuro seja menos cúmplice do esquecimento. A visitação — nos corredores da FFLCH — convida a parar, ouvir e transformar o silêncio em ação.

Se você for à exposição, leve tempo para olhar sem pressa. Observe o que está visível — e o que está insinuado entre as lacunas. Pergunte-se quem foram aquelas pessoas, o que viveram, o que sobrevivia depois. E como aquilo ainda repercute hoje.


A abertura dessa exposição marca um convite: ao reconhecimento, à escuta e à reparação possível. Cada objeto ali, cada vestígio, cada “eco” do silêncio retém um grito contido, uma história que clama por visibilidade. E é nessa visibilidade que podemos começar a construir um presente mais justo, consciente e humano.








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