Etiópia Rumo à Liderança Elétrica no Continente Africano: Iniciativa Inovadora e Sustentável
- Márcia Oliveira
- 22 de jul.
- 2 min de leitura

A Etiópia, um dos países com menor taxa de motorização da África, tornou-se um catalisador inspirador para a mobilidade sustentável. Em março de 2025, o governo deu um passo audacioso ao proibirem a importação de veículos a combustão, provocando uma transição dinâmica rumo aos veículos elétricos (EVs). Desde então, mais de 100 mil EVs já circulam por suas ruas, concentrando cerca de 8,3% da frota nacional — um feito extraordinário para um país de renda média-baix.
Revolução elétrica: por que a Etiópia se destacou
Política fiscal agressiva: enquanto os carros a combustão eram taxados em até 200%, os veículos elétricos têm imposto de importação de apenas 15% — um incentivo decisivo para a adoção da mobilidade limpa.
Parcerias estratégicas: o país firmou acordos com montadoras chinesas como BYD e GAC, além de operar montadoras locais que montam veículos em kits SKD com taxas enviadas de apenas 5%.
Potencial energético renovável: o aproveitamento do Grande Projeto da Barragem do Renascimento garantiu eletricidade confiável, viabilizando o suporte à infraestrutura de recarga.
Mobilidade urbana acelerada
Na capital Adis Abeba, o mercado de EVs ganhou força visível: táxis elétricos, scooters e estações de carregamento pipocam pelas ruas. A combinação de acesso elétrico superior a 90%, trânsito urbano e alta densidade populacional torna o EV mais atrativo que um carro a gasolina — em particular quando o preço do combustível sobe.
Limites e dificuldades
Apesar do êxito impressionante em centros urbanos, o avanço enfrenta desafios:
Apenas 55% da população tem acesso à eletricidade, o que dificulta a expansão nos centros rurais.
A infraestrutura de recarga ainda é incipiente nas áreas remotas.
Os custos ainda são altos — scooters elétricos chegam a US$1.500, inacessíveis para grande parte da população.
Ainda há escassez de técnicos treinados e soluções adaptadas ao contexto rural.
Caminhos para superar os obstáculos
Para aprofundar a transição, o governo e parceiros estão articulando soluções:
Conversão de carros a combustão para elétricos;
Produção local, incluindo veículos com painel solar e pneus reforçados, por startups como a japonesa Dodai e a etíope Woda Vehicle Manufacturing.
Programas de capacitação técnica para criar uma cadeia sustentável de serviço;
Apoio de ONGs como Mobility for Africa, que defendem mobilidade integrada e ecológica para zonas rurais.
Projeções ousadas: rumo a meio milhão de EVs até 2035
O governo estima que a frota elétrica alcance 500 mil veículos até 2035, com mais de 15 empresas instalando fábricas locais. A ambição da Etiópia se destaca como um exemplo global de políticas verdes eficazes e adaptação às realidades energéticas africanas.
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