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Escritora angolana Ana Paula Tavares é laureada com o Prêmio Camões 2025

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura
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FOTO: CNN


A língua portuguesa ganha um novo marco literário em 2025: Ana Paula Tavares, escritora, poeta e historiadora angolana de 72 anos, foi anunciada como vencedora do Prêmio Camões 2025, considerado a principal premiação literária da língua portuguesa.


O que significa o Prêmio Camões

Instituído em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões reconhece a contribuição de autores que enriquecem o patrimônio literário em língua portuguesa.

A honraria traz um valor de 100 mil euros ao vencedor, posicionando-se entre os prêmios literários de maior expressão do mundo lusófono.

Anteriormente recebidos por nomes como José Saramago, Mia Couto, Rachel de Queiroz e Jorge Amado, entre outros, o Prêmio Camões celebra trajetórias literárias que dialogam com identidades nacionais e culturais em países de língua portuguesa.


Trajetória de Ana Paula Tavares

Nascida em 1952, na província de Huíla, Angola, Ana Paula Tavares iniciou seus estudos em história em Angola e, posteriormente, completou sua formação em Portugal, com mestrado em Literaturas Africanas e doutorado em Antropologia. Ela também leciona atualmente na Universidade Católica de Lisboa.

Sua produção literária combina poesia, crônica e prosa, marcada por uma forte presença da memória, das raízes africanas, da identidade feminina e da reflexão sobre o tempo. Entre suas obras destacam-se Ritos de Passagem (1985), O Lago da Lua (1999), A Cabeça de Salomé (2004) e Um rio preso nas mãos (2019). Em 2004, venceu o Prêmio Mário António de Poesia com o livro Dizes-me coisas amargas como os frutos.


O que disse o júri e o reconhecimento institucional


O júri do Prêmio Camões justificou sua escolha destacando “a sua fecunda e coerente trajetória de criação estética e, em especial, o seu resgate de dignidade da Poesia” e ressaltou que ela imprime em sua obra uma “dicção do seu lirismo sem concessões evasivas” bem como “compromissos livres em crônica e narrativa”.

Em declarações oficiais, a ministra da Cultura do Brasil realçou que a escolha celebra a força e a beleza da literatura lusófona, principalmente por meio de vozes africanas e femininas que fortalecem os laços culturais entre Brasil, Angola e demais países lusófonos.


O presidente da Fundação Biblioteca Nacional destacou ainda o “compromisso ético” e a urgência de seu olhar para temas contemporâneos no espaço cultural lusófono.


Importância simbólica e cultural

A escolha de Ana Paula Tavares para o Prêmio Camões reafirma algumas tendências e desafios literários e culturais:

  • Valorização das vozes africanas: sua obra traz perspectivas centrais da experiência africana, contribuindo para uma literatura lusófona mais plural e representativa.

  • Feminismo literário: como mulher autora em um espaço que historicamente privilegia autores masculinos, sua premiação simboliza uma vitória para a literatura produzida por mulheres nos países lusófonos.

  • Memória, identidade e resistência: sua escrita ressoa com temáticas de memória coletiva, diáspora, trauma e resiliência, dialogando com as complexas histórias de Angola e sua relação com o colonialismo.

  • Integração da lusofonia: o Prêmio Camões reforça a ideia de literatura transnacional em língua portuguesa, e a premiação de uma autora africana fortalece os laços culturais entre as nações de língua portuguesa.



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