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Da Informalidade ao Pódio: A Ascensão do Braço de Ferro na África

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 13 de mai.
  • 3 min de leitura



O braço de ferro, uma disputa icônica de força e resistência, tem suas raízes em tradições populares que cruzam gerações e culturas. Desde antigos hieróglifos egípcios até competições modernas, esse esporte evoluiu de uma brincadeira casual para uma prática profissional, ganhando destaque global e, mais recentemente, espaço no coração do continente africano.


O Surgimento do Braço de Ferro na África

Em março de 2025, o braço de ferro fez sua estreia nos 13º Jogos Africanos, realizados em Acra, Gana. Foi um momento histórico, marcando a transição do esporte para uma modalidade competitiva formal na África, graças aos esforços incansáveis de Charles Osei Asibey, presidente da Federação Africana de Braço de Ferro (AFA). Asibey, que também fundou a Federação Ganesa de Braço de Ferro em 2016, cumpriu a promessa de transformar a modalidade em um esporte doméstico no continente.

"Anteriormente na África, era apenas uma forma de determinar o mais forte da comunidade ou até mesmo nas escolas", disse Asibey à CNN. "As pessoas nem consideravam o braço de ferro como um esporte. Era apenas um jogo normal... Nós o transformamos em um esporte."


Força, Técnica e Estratégia – Mais que Força Bruta

No mundo do braço de ferro, não é apenas a força que define o campeão, mas sim a técnica, inteligência e estratégia. Segundo Asibey, mesmo um competidor leve pode derrotar um oponente muito mais pesado, desde que tenha a técnica correta. Isso inclui movimentos como:

  • Toproll – Uma técnica que envolve a pronação do punho para dentro, aproveitando a alavancagem.

  • Hook – Um estilo que foca na rotação externa do punho, criando um “gancho” com o braço para puxar o oponente.

Competidores mais altos, com braços mais longos, tendem a se destacar no estilo toproll, enquanto atletas com experiência em powerlifting, supino ou outras disciplinas de força muitas vezes se destacam no hook.


Heróis Nacionais e Medalhas de Ouro

Na competição em Acra, Gana conquistou 41 das 84 medalhas disponíveis, incluindo impressionantes oito medalhas de ouro. Dois atletas se destacaram como verdadeiros "Braços de Ouro":

  • Edward Asamoah – Capitão da equipe masculina e membro do Serviço de Imigração de Gana, Asamoah venceu na categoria de 90kg tanto com o braço esquerdo quanto com o direito. Ele descreve sua jornada como difícil, marcada por lesões e desafios financeiros, mas cheia de recompensas. “Determinação e trabalho duro me trouxeram essas medalhas”, afirmou.

  • Grace Minta – A policial ganesa se tornou a primeira mulher do país a conquistar ouro no Campeonato Mundial de Braço de Ferro na Moldávia, poucos meses após suas vitórias nos Jogos Africanos. Minta, que começou no esporte em 2017, é agora uma inspiração para uma nova geração de atletas africanos.


O Desafio de Expandir o Esporte na África

Apesar desse sucesso, o braço de ferro na África ainda enfrenta desafios significativos, incluindo a falta de financiamento e patrocínio. Nações como o Cazaquistão dominam o esporte globalmente, enviando mais de 100 competidores para campeonatos mundiais, enquanto a África luta para expandir sua presença competitiva.

Asibey, porém, permanece otimista. Ele acredita que, com o apoio de instituições multinacionais e empresas locais, a África pode se tornar uma potência no braço de ferro. "Os Jogos Africanos trouxeram muitas coisas boas. Governos e instituições nos reconheceram... (Mas) Ainda não temos patrocínio. Lutamos para arrecadar dinheiro," disse ele.

Para o futuro, Asibey planeja garantir o retorno do braço de ferro aos Jogos Africanos de 2027 no Cairo e expandir a base de atletas e fãs do esporte em todo o continente.


Braço de Ferro como Ferramenta de Transformação Social

Mais do que apenas força física, o braço de ferro está se tornando uma ferramenta de transformação social na África. Ele inspira jovens, promove disciplina e cria oportunidades para atletas que, de outra forma, poderiam não ter acesso ao esporte de alto nível.

"Quero treinar os jovens que estão chegando, organizá-los para que também se tornem alguém no futuro," disse Minta, que agora vê sua jornada como um exemplo para futuras gerações.


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