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Adeus a uma lenda africana: Ngũgĩ wa Thiong’o e o legado eterno das palavras

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 29 de mai.
  • 2 min de leitura
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No dia 29 de maio de 2025, o mundo se despediu de uma das vozes mais potentes da literatura africana: Ngũgĩ wa Thiong’o, escritor queniano, professor, dramaturgo e ativista, faleceu aos 87 anos. Sua morte deixa um vazio profundo na cultura africana e na luta pela valorização das línguas e identidades do continente.

Ngũgĩ não foi apenas um escritor de talento admirável. Ele foi um símbolo de resistência intelectual, um homem que trocou o conforto da língua inglesa — em que começou a sua carreira — pela militância do seu idioma nativo, o gĩkũyũ, como forma de afirmação cultural e política.

Ao longo de sua trajetória, Ngũgĩ se destacou por seu posicionamento firme contra o colonialismo e por sua defesa incondicional da libertação dos povos africanos — não apenas no campo físico ou político, mas sobretudo no campo da linguagem e da mente. Para ele, o idioma era um campo de batalha. E escrever em gĩkũyũ, um ato de rebeldia e cura ao mesmo tempo.


Obras que atravessam gerações

Entre seus livros mais conhecidos estão:

  • “Decolonising the Mind” – um manifesto literário que argumenta que a dominação colonial começa pela linguagem.

  • “A Grain of Wheat” – um romance poderoso sobre a luta do Quênia pela independência.

  • “Petals of Blood” – uma denúncia contundente contra a corrupção no pós-colonialismo.

  • “Dreams in a Time of War” – uma autobiografia que mergulha na sua infância durante a ocupação britânica.

Seus escritos influenciaram não apenas escritores africanos, mas pensadores, ativistas e educadores ao redor do mundo. Ele foi frequentemente lembrado como um eterno candidato ao Nobel de Literatura, e mesmo sem recebê-lo, sua importância cultural ultrapassa premiações.


Um legado que permanece

Ngũgĩ acreditava que um povo que perde sua língua perde também sua memória e sua alma. Sua trajetória é um lembrete de que preservar culturas locais e valorizar vozes marginalizadas é um ato político essencial para qualquer sociedade que deseja ser livre.

Ao homenageá-lo, o El País relembra sua importância como um “eterno aspirante ao Nobel e lenda das letras africanas”. Sua morte marca o fim de uma era, mas sua obra permanece viva — ensinando, provocando e inspirando.

🔗 Fonte: El País – Leia aqui

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