A Fuga Silenciosa: Por que a Migração de Profissionais de Saúde da África é uma Crise Global
- Márcia Oliveira
- 12 de ago.
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A imagem de médicos, enfermeiros e especialistas de laboratório deixando seus países de origem em busca de melhores oportunidades não é nova. No entanto, na África, essa migração se transformou em uma crise silenciosa e devastadora. Enquanto países desenvolvidos se beneficiam do recrutamento de profissionais qualificados, os sistemas de saúde africanos ficam sobrecarregados, com clínicas vazias em áreas rurais e um déficit crescente de pessoal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está atenta a esse problema. Em 8 de agosto de 2025, o Escritório Regional da OMS para a África iniciou uma série de consultas com os 47 estados membros para revisar o Código Global de Práticas para o Recrutamento Internacional de Profissionais de Saúde. Este código, criado há 15 anos, busca garantir que o recrutamento de profissionais além-fronteiras seja feito de forma ética e equitativa. No entanto, a realidade mudou. Com a pandemia de Covid-19, a demanda global por profissionais de saúde disparou, e a África tem pago um preço alto.
As consultas da OMS são uma oportunidade para que o continente lidere a discussão e garanta que o novo código reflita suas realidades e prioridades. Adelheid Werimo Onyango, diretora de Sistemas e Serviços de Saúde do Escritório Regional da OMS para a África, ressalta que o objetivo é transformar o código em um "instrumento vivo e acionável" que fortaleça, em vez de enfraquecer, os sistemas de saúde africanos. A meta é clara: garantir que hospitais e clínicas não percam seus profissionais para recrutadores estrangeiros e que os jovens recém-licenciados não sejam forçados a escolher entre ficar e partir.
O cerne dessa discussão não são apenas políticas e regulamentos, mas as pessoas. Por trás de cada profissional que parte, há uma comunidade que perde o acesso a cuidados de qualidade. Há famílias que ficam sem médicos, enfermeiros e o apoio necessário em momentos de doença. Como ressaltado por James Avoka Asamani, líder da Equipa de Força de Trabalho em Saúde do Escritório da OMS para África, o feedback dos participantes é crucial para construir uma "força de trabalho mais forte e equitativa".
A crise migratória de profissionais de saúde na África é um problema global que exige uma solução global. O continente está perdendo seus talentos para a migração internacional, e isso tem um impacto direto e profundo na vida de milhões de pessoas. A revisão do Código Global de Práticas da OMS é um passo crucial para enfrentar esse desafio, mas a sua eficácia dependerá da capacidade de transformar a política em ação e de garantir que os países africanos possam reter seus talentos e oferecer aos seus cidadãos os cuidados de saúde que merecem.
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