Resistência e Tradição: A Pequena África do Rio Celebra a Cultura Preta com Capoeira Angola e Música

Márcia Oliveira
15 de mai.
2 min de leitura

No coração do Rio de Janeiro, onde a história da diáspora africana se entrelaça com as raízes da cultura brasileira, a Pequena África se prepara para um evento que promete ecoar os sons da resistência e celebrar a força da ancestralidade preta. Nos dias 17 e 18 de maio de 2025, o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), localizado na Gamboa, será o palco do Encontro Integração Fluminense de Capoeira Angola e Cultura – uma iniciativa que busca reafirmar a capoeira como patrimônio imaterial e fortalecer os laços culturais que resistem há séculos.

O Significado da Pequena África no Rio de Janeiro

A Pequena África é uma região historicamente marcada pela luta e resistência dos povos africanos escravizados e seus descendentes. Ao longo das décadas, a área se transformou em um símbolo vivo de resiliência, preservando tradições como o samba, o jongo e, claro, a capoeira – uma arte que é ao mesmo tempo dança, luta, música e história.

Para Sinara Rúbia, diretora do MUHCAB, o evento vai além de uma simples celebração. É um "ato político, um gesto de cuidado com a memória negra e um grito de resistência que ecoa desde os quilombos até as periferias urbanas de hoje." Em suas palavras, "é nesse chão sagrado que nos olhamos, nos escutamos e nos fortalecemos. E é nesse reencontro com os nossos que reafirmamos: somos herança viva e movimento de futuro."

O Poder da Capoeira Angola como Ato de Resistência

A Capoeira Angola é uma forma mais antiga e tradicional da capoeira, com movimentos que enfatizam a estratégia, a musicalidade e o jogo de corpo próximo ao chão. Ela carrega consigo histórias de resistência e liberdade, sendo uma expressão cultural que nasceu como forma de luta e sobrevivência nos quilombos.

Segundo Rodrigo de Odé, ator e organizador do evento, a integração é "uma atividade de corpo, de fala, de pensamento, de debate. Uma atividade de integração entre grupos de diversas partes do estado para celebrar a cultura negra, nessa semana que é tão importante para a diáspora africana."

Uma Celebração de Saberes e Ancestralidade

O evento promete uma programação rica e diversa, incluindo:

Rodas de Conversa – com mestres e mestras da capoeira, abordando temas como ancestralidade, resistência e cultura.
Oficinas de Capoeira Angola, Dança Afro e Musicalidade – conduzidas por nomes respeitados como Mestre Célio (Grupo Aluandê), Mestra Cristina (Mocambo de Aruanda) e Mestre Marrom (Ngoma Capoeira Angola).
Homenagens e Exibições de Documentários – como o filme “Caxias na Ginga: a jornada de Mestre Peixe de Caxias”, dirigido pelo Contramestre Thiago Nascimento.
Apresentações Musicais – incluindo shows de reggae com a banda Unificar e samba com Samba do Belelê, que prometem encerrar o evento em grande estilo.