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Impactos das Mudanças Climáticas na África: Uma Década de Desafios e Superação

  • Foto do escritor: Márcia Oliveira
    Márcia Oliveira
  • 13 de mai.
  • 2 min de leitura

As mudanças climáticas estão remodelando a face da África de forma intensa e sem precedentes. O continente, conhecido por suas paisagens diversificadas e culturas vibrantes, enfrenta agora uma das suas maiores provações: adaptar-se a condições climáticas cada vez mais extremas. De secas severas a ciclones devastadores, os impactos são profundos e generalizados, afetando milhões de vidas.


Uma Década de Calor Recorde


Nos últimos anos, a África tem experimentado temperaturas sem precedentes. O ano de 2024 foi um dos mais quentes da história, com temperaturas médias 0,86°C acima da média de longo prazo entre 1991 e 2020. No norte da África, esse aumento foi ainda mais dramático, alcançando 1,28°C acima do padrão histórico, segundo dados do relatório "Estado do Clima na África 2024" da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado em maio de 2025.

Esse calor extremo tem consequências devastadoras para a agricultura, segurança alimentar e economia. Plantações inteiras foram destruídas, pastagens secaram e milhões de pessoas enfrentam escassez de alimentos e água. No sudoeste da Etiópia, por exemplo, as secas agravadas pela mudança climática ameaçam plantações e gado, levando comunidades ao limite da sobrevivência (UNICEF/Pouget).


Onda de Cheias e Deslocamentos em Massa


Ao mesmo tempo, as chuvas intensas também estão se tornando mais comuns e destrutivas. Em 2024, mais de 4 milhões de pessoas foram impactadas por enchentes no oeste e centro da África, incluindo países como Nigéria, Camarões, Chade, Níger e República Centro-Africana. Centenas de pessoas perderam suas vidas, enquanto outras milhares ficaram desabrigadas.

No leste da África, as chuvas longas e pesadas entre março e maio resultaram em cheias devastadoras no Quênia, Tanzânia e Burundi, deixando mais de 700 mil pessoas afetadas e provocando danos generalizados em infraestrutura e agricultura.


Ciclones Tropicais e Destruição Costeira


No sul da África, ciclones como o devastador Ciclone Chido têm se tornado cada vez mais frequentes. Em dezembro de 2024, este ciclone atingiu Moçambique e Malauí, destruindo comunidades inteiras, desalojando milhares de pessoas e interrompendo serviços básicos como água e eletricidade (UNICEF/Guy Talor). Foi o ciclone mais arrasador da região em 90 anos, evidenciando a crescente vulnerabilidade das nações costeiras africanas a eventos climáticos extremos.


Resiliência Digital e Sistemas de Alerta Precoce


Para enfrentar esses desafios, muitos países africanos estão investindo em tecnologia e inovação. Iniciativas como a utilização de inteligência artificial para previsões meteorológicas mais precisas e a criação de sistemas de alerta precoce estão se tornando essenciais para salvar vidas e reduzir danos.

No Quênia, por exemplo, pequenos agricultores e pescadores já estão se beneficiando de aplicativos móveis que oferecem previsões do tempo e alertas de clima severo, enquanto a Agência Meteorológica da Nigéria usa plataformas digitais para disseminar informações críticas sobre a agricultura e condições climáticas.


Um Apelo à Ação Coletiva

Com os impactos das mudanças climáticas crescendo em escala e intensidade, a OMM faz um apelo urgente a governos, entidades de desenvolvimento e ao setor privado para que acelerem os investimentos em infraestrutura resiliente e sistemas de monitoramento climático.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, reforçou a importância de dados confiáveis e acessíveis para enfrentar os desafios do futuro. "É preciso um senso maior de urgência para melhorar os sistemas e fortalecer a resistência climática e adaptação," afirmou.




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