Bonga e o som das raízes: um ícone angolano que brilhou no Kriol Jazz Festival 2025
- Márcia Oliveira

- 21 de abr.
- 2 min de leitura

Em abril de 2025, a cidade da Praia, capital de Cabo Verde, foi novamente palco de um dos eventos musicais mais potentes do Atlântico: o Kriol Jazz Festival. O evento celebrou a criolidade em sua forma mais vibrante — unindo culturas, idiomas, ritmos e histórias de pelo menos oito países. E entre os destaques da edição, estava Bonga, o lendário cantor angolano cuja voz ecoa gerações e atravessa oceanos.
Mais do que um festival de música, o Kriol Jazz é um encontro de identidades afro-diaspóricas, um espaço onde as sonoridades crioulas — do funaná ao semba, do morna ao afro-jazz — se encontram. Bonga não apenas se apresentou: ele reafirmou sua relevância histórica, sendo recebido como mestre por novos artistas e ovacionado por plateias de todas as idades.
Com seus 81 anos de vida, José Adelino Barceló de Carvalho, conhecido mundialmente como Bonga, subiu ao palco com a mesma força que o tornou símbolo de luta contra o colonialismo português e ícone da independência de Angola. Suas músicas misturam ritmo e denúncia, festa e consciência. E ali, em Cabo Verde, não foi diferente.
“A música africana é resistência, é afeto e é ponte entre os povos” — Bonga (apud Vatican News, 2025).
Quando o passado canta com o presente
O show de Bonga foi repleto de clássicos como Mona Ki Ngi Xica e Mariquinha, intercalados com reflexões sobre o mundo atual, sempre com sua voz rouca, marcante, e uma presença cênica que mistura firmeza e ternura. Para muitos jovens artistas presentes no festival, foi uma aula de ancestralidade e legado vivo.
Segundo reportagem do Vatican News, a edição de 2025 do festival destacou a importância de manter viva a música que nasceu da dor, mas floresceu em forma de resistência e arte.
Música como herança e futuro
O brilho de Bonga no Kriol Jazz Festival é mais do que uma homenagem a um artista. É um reconhecimento à trajetória de um continente que canta para não esquecer, canta para existir e para se transformar. A criolidade, nesse contexto, não é apenas uma mistura de povos — é uma declaração de identidade coletiva que se renova a cada acorde.




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